Quem um dia disse "you can sleep when you're dead" teve uma baita razão. Nossa mente não para, nosso coração muito menos. A dor da minha mandíbula não nega e a placa de bruxismo eu guardo meticulosamente toda manhã.
O ser humano deve ter inventado o conforto das centenas de fios — que eu carinhosamente apelido de nuvem, mas os mundanos chamam de edredom — pra conseguir conter todas aquelas ondas cerebrais que lua nenhuma contém. Pra sonhar com uma rotina sem a espera do metrô, a dor nos pés e as notícias ruins do jornal das 8. Escapar do sofrer diário. Meu corpo não entende a semântica: ele sofre 24 horas.
À todos os monstros dos meus pesadelos que já me fizeram acordar pulando da cama: vocês conseguiram. Não sossego nem nas melhores horas do dia. Mas eu não me importo: eu não paro. Eu não posso parar.
Quem não para mesmo é quem sai de casa às 5 da manhã e nem volta à tempo de dar boa noite. É quem sequer viu um edredom na vida. É a mãe que dorme com um olho aberto sempre. É o estranho na rua que leva uma bagagem que você nem desconfia. Dizem que isso sim faz ranger os dentes, tira o sono, faz a diferença.
É nada — sim, nada. O nada que a gente tanto teme. Pelo qual a gente tanto tenta não ser lembrado. O que a gente evita tentando fazer diferente, tentando cativar o mundo, tentando ser amado. Mas todo mundo esquece que um dia, lá atrás, do que era nada surgiu tudo. O nada foi, é e sempre vai ser o princípio de tudo. Sofrendo ou não, o nosso nada é muito grande. Nunca se esqueça disso.
quarta-feira, 2 de setembro de 2015
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gosto tanto do jeito que você escreve, me arrepiei toda lendo esse!
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Também sou apaixonada pelos seus escritos, Li! <333
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